quarta-feira, 16 de março de 2011

Ari Antonio da Rocha e o Aruanda

O idealizador e promotor do Salão do Automóvel, Caio de Alcântara Machado criou no início dos anos 60 o Prêmio Lucio Meira de Design Automobilístico, para incentivar designers e estilistas automotivos brasileiros. Em 64 revelou-se então um jovem de vinte e poucos anos chamado Ari Antonio da Rocha, recebendo o prêmio daquele ano pelo projeto de um mini carro urbano chamado Aruanda, que também viria a receber no ano seguinte o prêmio de projeto mais inovador no Salão de Turim, na Itália.


O projeto iniciou-se em 61, após estudos do problema de tráfego urbano, onde, não sendo possível ampliar as dimensões das ruas e avenidas, resolveu-se compactar os veículos, que na época tinham na sua grande maioria, motores de grande potência e carrocerias enormes para transportar geralmente uma pessoa.
Em 66 o então presidente do senado australiano, em nome da Associação dos Fabricantes de Automóveis propôs construí-lo na Austrália, utilizando um motor elétrico. Nacionalista, Ari recusou, queria que fosse construído no Brasil, para recuperar a identidade nacional meio perdida. Após cinco anos de tentativa, Ari frustrado, desistiu de produzí-lo.


                                       Aruanda no Salão de Turim

O estúdio Fissore na Itália foi o responsável pela confecção do único exemplar do Aruanda, que após anos perdido foi encontrado em péssimo estado e devolvido ao seu criador . Depois de tentativas frustradas de patrocínio para restaurar o Aruanda, Ari resolveu por conta própria bancar a empreitada que ficou a cargo do restaurador  Ricardo Oppi, a quem eu já mencionei na postagem do Onça.


                                                               O Aruanda já restaurado


Ari também teve passagem marcante na Vemag no departamento de estilo, desenvolvendo nova gama de cores para os veículos, e foi o responsável pela mudança da abertura das portas dianteiras do DKW, que no seu entendimento eram perigosas, além de causarem embaraço para as mulheres que usavam saias e deixavam à mostra seus joelhos.


                                             DKW Belcar





Fotos: CCAL
          Maxicar

2 comentários:

  1. Ari Antonio da Rocha16 de março de 2011 às 21:29

    Prezado Fábio,
    Grato pela lembrança em publicar um texto sobre o Aruanda. Passados quase 50 anos dos primeiros estudos e 46 da premiação do protótipo, construído na Carrozzeria Fissore, na Itália, é gratificante ver que esse trabalho não se 'perdeu no tempo'.
    Era uma outra realidade e o trabalho acabou obtendo grande repercussão (o que nos tempos atuais seria impossível), me permitindo atuar como designer de veículos, antes mesmo que os cursos dessa área tivessem sido criados em nosso país.
    Aproveito para informar aos seus leitores, que um resumo dessa trajetória do 'carrinho' será apresentado na 'Aula Magna' que abre o ano letivo do Curso de Design da USP, no próximo dia 30 de março, a partir das 19 horas.
    Abraço
    Ari Rocha

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  2. Caro Ari, primeiramente eu é que agradeço o que já fez e ainda faz pelo Design no Brasil.Seu trabalho é uma inspiração para nós designers.
    Fico muito honrado com seu comentário que engrandece este humilde blog.
    Um grande abraço
    Fabio

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